Duarte — Margarida, sentes saudades de alguém em especial?
Margarida — De alguém mesmo, não. E tu?
Duarte — Sim, da Teresa. Vou falar contigo, mas não comentes com os pais. Não gosto destas conversas com eles, nunca as tivemos.
Margarida — Mas quais conversas?
Duarte — De paixões, e coisas assim. Eu gosto da Teresa. Estávamos a começar a curtir.
Margarida — Mas são namorados?
Duarte — Não, nada disso. Quer dizer, eu gostava, mas não. Desde que a vi que gosto dela, não sei. Sempre gostei, sim. E agora, mesmo antes disto acontecer, estávamos a começar a falar mais.
Margarida — Mas beijaram-se?
Duarte — Não, já te disse que não temos nada. Nem sei se ela sabe mesmo que eu gosto dela. Temos só conversado por WhatsApp, e muito pouco...
Margarida — Mas do que falam por WhatsApp, então?
Duarte — Nada de especial. De coisas da escola que se passaram. Raramente falo com ela, por isso é que esta situação é chata. Estávamos a começar a aproximarmo-nos, e agora tchau, cada um para seu lado.
Margarida — Pensas muito nela?
Duarte — Sim, sempre. É estranho.
Margarida — Achas que ela pensa em ti?
Duarte — Não sei, mas acho que não. Por isso queria estar com ela, tenho a certeza que acontecia alguma coia.
Margarida — O quê?
Duarte — Não percebes?
Margarida — Não percebo o quê?
Duarte — Podíamos ficar mais juntos, não sei.
Margarida — Namorar?
Duarte — Sim, mas só vês as coisas assim; namorar, não namorar; beijar, não beijar.
Margarida — E como é que tu vês?
Duarte — Não sei, sinto a falta dela... Agora só queria estar com ela, falar com ela ao pé de mim.
Margarida — Estás mesmo apaixonado.
Duarte — Estou, sim. Acho que sim.
Margarida — Muito apaixonado...
Duarte — Pronto, o que interessa isso, se muito ou pouco. Agora nem posso estar com ela. É isso que eu quero, estar com ela.
Margarida — Mas não vais conseguir estar agora com ela... tu não sabes se ela também gosta de ti?
Duarte — Não, não sei. Isso é que me custa agora. Parece que quero muito uma coisa, que não consigo alcançar, que está distante...
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